Edgar António de Mesquita Cardoso nasceu no Porto em 11 de Maio de 1913 e formouse em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1937.
Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico - Universidade Técnica de Lisboa. Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi Engenheiro na Junta Autónoma das Estradas até 1951. É como projectista de Pontes que mais se notabiliza. | ||
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A introdução é deliciosa!
Palavras Prévias
Segundo instruções da nossa Faculdade de Engenharia a que pertenço como modesto aluno e vós Meus Mestres, como Professores altamente categorisados, recebi com agrado no dia 5 de Agosto a guia de apresentação para na Administração dos portos do Douro e Leixões efectuar o meu primeiro estágio. Sem a experiência e o saber tão precisos ao Engenheiro, iniciei nesse mesmo dia o meu primeiro trabalho que apesar da atenção e da boa vontade, sempre aplicada para a sua perfeita execução, terá fatalmente que ser defeituoso. Peço portanto aos meus Exmos. Professores que me relevem os êrros cometidos, na certeza, porém, que a sua existência não é resultante da falta de assiduidade, nem da minha menos curiosidade de saber, mas antes da inexperiência e limitados conhecimentos do assunto que me foi dado estudar. ... Leixões, Outubro de 1935 | ||
Edgar Cardoso realizou ainda pelo menos um outro estágio em Bragança na JAE, já em 1937, ano da formatura em Engª Civil. Não dispomos do correspondente relatório, mas há um outro notável documento académico: o relatório de um trabalho prático da disciplina de "Cimento Armado" que consistiu no cálculo completo de uma piscina. Mais uma vez se revela um aluno aplicado, com excelente sentido de projecto e novamente desenhos muito bons. |
Foz do Sousa - um ensaio para a Ponte da Arrábida. | Aqui o cimbre de madeira. Para a Ponte da Arrábida chegou a pensar-se também na madeira para executar o cimbre. |
Uma lista não exaustiva:
Em Portugal:
| Em Angola:
Em Moçambique:
Em Macau:
Em Goa:
Na Guiné
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Alem das duas grandes pontes que projectou, Edgar Cardoso deixa
ainda para a história das Pontes do Porto mais algumas
intervenções. Uma reformulação do
tabuleiro superior da Ponte Luís I e dois projectos não
concretizados: o alargamento
da mesma ponte e uma ponte ferroviária usando o cimbre
da ponte da Arrábida que se destinava a substituir a Ponte
Maria Pia.
Dotado de um extraordinário engenho e habilidade manual, construia modelos das suas estruturas e nelas media, muitas vezes com métodos ou aparelhos inventados por si, os parâmetros necessários à avaliação do comportamento estrutural. |
Esta era uma das suas facetas mais características. Para ele as estruturas projectavam-se usando as mãos, experimentando, ensaindo diversas formas em modelo. E desdenhava dos grandes rivais, os computadores, e da análise matricial: "Dizem que há para aí quem use umas meretrizes " |
O dimensionamento experimental veio mesmo a ser aprovado oficialmente como uma das vias possíveis para a justificação de um projecto, depois de um projecto seu ter recebido um parecer positivo do Conselho Superior de Obras Públicas, de que foi relator o Professor Francisco Correia de Araújo. |
Uma vez, depois de uma visita às obras da Ponte de S. João (ou seria da Ponte da Figueira?) tive a sorte e o gosto de almoçar ao seu lado. Às tantas perguntou-me: - Como é que você media as deformações que uma ponte vai sofrendo sem sair de cima dela? | |||
- Hum
, bem
, hum
Ao mesmo tempo que esquematizava no guardanapo de papel: - Você deita uma pedra ao rio com um fio de ínvar amarrado; mantém o fio esticado com uma mola que pode estar presa à própria ponte e mede agora o deslocamento relativo entre a extremidade do fio e uma marca na ponte. (Ínvar é uma liga com coeficiente de dilatação linear quase nulo. As medidas fazem-se portanto sem influência da variação de temperatura) | |||
E continuou | |||
- E por falar em ínvar, você sabe como eu faço ínvar?
- Não - Pois com dois fios de coeficiente de dilatação linear diferente amarrados a uma pequena travessa. É assim possível determinar um ponto no prolongamento da travessa que não sofre qualquer movimento em presença da variação de temperatura. Melhor que o ínvar! |
O professor Edgar Cardoso, verdadeiramente genial como engenheiro, tinha um feitio difícil que lhe grangeou muitas inimizades, sobretudo entre colegas cujas opiniões nem sempre aceitava bem. |
Naturalmente ciente da sua indiscutível categoria, não gostava de ser batido. Talvez por isso orgulhava-se de não participar em concursos, preferindo os trabalhos "por convite". |
Com frequência se envolvia em polémicas em que a defesa veemente do seu ponto de vista ultrapassava os limites do razoável. |
Contaram-me esta que revela um pouco do seu carácter: numa reunião de obra durante a construção da Ponte da Figueira da Foz, algum jovem engenheiro terá sugerido qualquer alteração a uma indicação do "Professor". Logo se irritou: "Ó meu amigo! Em Portugal só há uma pessoa de quem aceito sugestões: o Prof. Joaquim Sarmento da Faculdade de Engenharia do Porto." |
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Bibliografia
Este texto começou a construir-se em Janeiro de 1998 e está em evolução. Só periodicamente a versão disponível é actualizada.
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