Resumo: |
Este projecto visa estudar o impacto da percepção de eficácia de um grupo na implementação de mecanismos de controlo do desvio sobre a coesão social, o orgulho na pertença a esse grupo e a acção colectiva (por oposição a anomia, vergonha da pertença ao grupo e acção egoísta individual).
Num momento em que a economia global ocidental se depara com uma forte crise e uma aparente descrença generalizada na competência das instituições políticas para ultrapassar essa crise, os indivíduos parecem experienciar um sentimento de insegurança com impacte não só no seu quotidiano como também nas suas expectativas de futuro, aos níveis pessoal e colectivo. Este sentimento de insegurança condicionado pela crise económica pode ser reforçado pela percepção de uma deficiente implementação de mecanismos de controlo para a manutenção da ordem social, no que respeita tanto ao controlo da criminalidade, como à protecção de valores sociais fundamentais. Este projecto debruça-se sobre a percepção dos efeitos da reacção social ao crime (eficazes ou ineficazes) da (in)capacidade por parte dos actores institucionais de protecção dos valores sociais fundamentais de controlo social] sobre o investimento dos indivíduos em aspectos relacionados com a sua identidade social, nomeadamente, sobre as expectativas (positivas ou negativas) sobre o presente e no futuro, a (in)certeza acerca da normatividade de padrões de conduta relevantes, e, na percepção de existência de uma ordem social satisfatória, ou pelo contrário, de uma anomia social. A percepção de existência de uma ordem social estabelecida terá consequências positivas para a coesão social, a validade subjectiva dos valores sociais fundamentais, o empenho na participação social consistente com a ordem vigente, e a manutenção de uma identificação social forte. A percepção de anomia terá, pelo contrário, consequências negativas para a coesão social, através do decréscimo do envolvimento do indivíduo no colectivo, ou seja, no decréscimo da s |
Resumo Este projecto visa estudar o impacto da percepção de eficácia de um grupo na implementação de mecanismos de controlo do desvio sobre a coesão social, o orgulho na pertença a esse grupo e a acção colectiva (por oposição a anomia, vergonha da pertença ao grupo e acção egoísta individual).
Num momento em que a economia global ocidental se depara com uma forte crise e uma aparente descrença generalizada na competência das instituições políticas para ultrapassar essa crise, os indivíduos parecem experienciar um sentimento de insegurança com impacte não só no seu quotidiano como também nas suas expectativas de futuro, aos níveis pessoal e colectivo. Este sentimento de insegurança condicionado pela crise económica pode ser reforçado pela percepção de uma deficiente implementação de mecanismos de controlo para a manutenção da ordem social, no que respeita tanto ao controlo da criminalidade, como à protecção de valores sociais fundamentais. Este projecto debruça-se sobre a percepção dos efeitos da reacção social ao crime (eficazes ou ineficazes) da (in)capacidade por parte dos actores institucionais de protecção dos valores sociais fundamentais de controlo social] sobre o investimento dos indivíduos em aspectos relacionados com a sua identidade social, nomeadamente, sobre as expectativas (positivas ou negativas) sobre o presente e no futuro, a (in)certeza acerca da normatividade de padrões de conduta relevantes, e, na percepção de existência de uma ordem social satisfatória, ou pelo contrário, de uma anomia social. A percepção de existência de uma ordem social estabelecida terá consequências positivas para a coesão social, a validade subjectiva dos valores sociais fundamentais, o empenho na participação social consistente com a ordem vigente, e a manutenção de uma identificação social forte. A percepção de anomia terá, pelo contrário, consequências negativas para a coesão social, através do decréscimo do envolvimento do indivíduo no colectivo, ou seja, no decréscimo da sua identificação com a sociedade. Acreditamos que estas crenças podem conduzir o indivíduo ao abandono subjectivo (através do reforço de comportamentos egoístas mesmo implicando a violação de normas sociais que passam a ser percebidas como ineficazes) ou objectivo (mobilidade individual traduzida, nomeadamente em movimentos migratórios) do grupo.
Neste projecto propomos 10 estudos para testar as ideias acima expostas. Estes estudos são divididos em três conjuntos complementares cada um dos quais dirigido a uma questão de investigação específica e é formado por um estudo correlacional e estudos experimentais. Os estudos correlacionais serão concebidos no sentidos de medir os fenómenos especificamente focalizados acima (no contexto nacional), enquanto que com os estudos experimentais procuraremos uma abordagem de investigação que nos permita generalizar os dados para outros grupos (e.g., equipas de trabalho, empresas, universidades, ...). O primeiro conjunto de estudos (um correlacional e um experimental) examina a ideia de que a crença na incapacidade do grupo para controlar o desvio emergente no seio desse grupo leva os indivíduos a desinvestirem na manutenção de laços fortes com o grupo. Se, pelo contrário, o grupo for percebido como capaz de controlar o desvio, a identidade social dos indivíduos e a coesão intragrupal mantêm-se elevadas. O segundo conjunto de estudos é composto por um estudo correlacional e quatro estudos experimentais, e procura analisar o impacto de uma comparação intergrupal negativa para o grupo na forma como os seus membros reagem ao desvio. A ideia central é que um resultado negativo para o grupo reforça a sensação de insegurança e desânimo junto dos seus membros, mas também uma motivação intensa para detectar e punir os membros responsáveis por esse resultado. Esta reacção extrema em relação aos membros desviantes do grupo deverá ser encontrada em grupos nos quais existe um suporte normativo forte. A punição dos desviantes será, assim, uma estratégia de criatividade social no sentido de garantir a posição favorável do grupo em relação a outros grupos e, consequentemente, a positividade da identidade social dos indivíduos. O terceiro conjunto de estudos é formado por um estudo correlacional e por dois estudos experimentais. Estes estudos pretendem analisar o impacto de uma frequência elevada de ocorrências de desvio no seio do grupo, sobre a crença na (in)capacidade do grupo para detectar e controlar o desvio, na identificação com o grupo, e no grau de empenho na manutenção das suas normas ou, pelo contrário, na adopção de comportamentos não-normativos em detrimento dos objectivos grupais, devido a um desinvestimento na identificação com esse grupo. |