Resumo: |
Assistimos, hoje em Portugal, a uma alteração dos processos de habilitação para a docência em todos as áreas, nomeadamente ao nível da formação inicial de professores de Educação Física (EF), à qual se associa uma mudança do paradigma na formação superior decorrente da implementação do Processo de Bolonha (PB). Acresce que o impacto da implementação do PB coincide em Portugal com transformações legislativas de habilitação para a docência, culminando num novo modelo de estágio (antes pedagógico, hoje profissional). Cumulativamente, a profissão docente atravessa uma fase marcada pela intensificação da
burocratização, aumento das tarefas administrativas e maior responsabilização e controlo público [p/a ref ver 1]. Assim, não só o modo como a escola é vivida se alterou, como emerge uma identidade profissional (IP) com novos contornos, pois a IP é histórica, relacional e situacional [2]. Mudanças também visíveis no contexto internacional que apontam para uma nova visão de escola, que incorpore outras formas de intervir baseadas na investigação sobre o ensino [3]. Assim, ganha relevo a investigação acerca da (re)construção da IP, o resultado de uma interface entre as experiências pessoais dos professores e do contexto social, cultural e institucional do quotidiano [4]. Processo que se inicia antes da formação superior (socialização antecipatória[5, 6]), seguindo-se a socialização durante a formação inicial (formação superior e estágio profissional) [7],
continuando ao longo do percurso profissional. O grande impacto com a prática, materializado no estágio profissional é um momento crucial neste processo por via do choque com a realidade e com a responsabilidade total das funções inerentes à
função de professor [6, 8]. Estudos recentes [3, e.g., 4, 9, 10] têm-se detido sobre a construção da IP no contexto em que esta acontece - a escola. Em particular, encontramos estudos[p/a ref ver 6] que identificam a importância da identidade como uma força de mediação entre estr |
Resumo Assistimos, hoje em Portugal, a uma alteração dos processos de habilitação para a docência em todos as áreas, nomeadamente ao nível da formação inicial de professores de Educação Física (EF), à qual se associa uma mudança do paradigma na formação superior decorrente da implementação do Processo de Bolonha (PB). Acresce que o impacto da implementação do PB coincide em Portugal com transformações legislativas de habilitação para a docência, culminando num novo modelo de estágio (antes pedagógico, hoje profissional). Cumulativamente, a profissão docente atravessa uma fase marcada pela intensificação da
burocratização, aumento das tarefas administrativas e maior responsabilização e controlo público [p/a ref ver 1]. Assim, não só o modo como a escola é vivida se alterou, como emerge uma identidade profissional (IP) com novos contornos, pois a IP é histórica, relacional e situacional [2]. Mudanças também visíveis no contexto internacional que apontam para uma nova visão de escola, que incorpore outras formas de intervir baseadas na investigação sobre o ensino [3]. Assim, ganha relevo a investigação acerca da (re)construção da IP, o resultado de uma interface entre as experiências pessoais dos professores e do contexto social, cultural e institucional do quotidiano [4]. Processo que se inicia antes da formação superior (socialização antecipatória[5, 6]), seguindo-se a socialização durante a formação inicial (formação superior e estágio profissional) [7],
continuando ao longo do percurso profissional. O grande impacto com a prática, materializado no estágio profissional é um momento crucial neste processo por via do choque com a realidade e com a responsabilidade total das funções inerentes à
função de professor [6, 8]. Estudos recentes [3, e.g., 4, 9, 10] têm-se detido sobre a construção da IP no contexto em que esta acontece - a escola. Em particular, encontramos estudos[p/a ref ver 6] que identificam a importância da identidade como uma força de mediação entre estrutura e agência[11] (o professor como agente). Tomando Giddens [11] como referência, entendemos identidade como um processo contínuo e dinâmico, que implica a criação de sentido e (re)interpretação dos próprios valores e experiências. Tornar-se professor envolve a (trans)formação da identidade de professor; processo descrito
como aberto, negociado e dinâmico [12]. Face ao exposto e assumindo o estágio profissional como marco fundamental na construção da IP [6, 13], é de suma importância que se acompanhe a operacionalização deste novo modelo de estágio. Importa ainda referir que o estágio profissional é realizado em grupo, constituindo-se como um espaço em que a partilha é essencial ao sucesso do mesmo, resgatando-se o conceito de comunidade de prática [e.g., 10, 14, 15, 16]. Assim sendo, é essencial compreender o modo como o estudante estagiário experiencia o impacto com a prática real de ensino no contexto
escola e, simultaneamente, como (re)constrói a IP e os papéis que lhe estão inerentes. Adicionalmente, e porque não encontramos estudos que envolvam todos os intervenientes neste processo, i.e., toda a comunidade de prática (estudantes estagiários, professores cooperantes e orientadores do ensino superior), pretendemos desvelar o modo como é interpretado e experienciado o processo formativo dando voz aos actores no contexto de acção. As questões que norteiam este estudo são: 1) Como é vivida e interpretada a experiência de ser estagiário e a experiência de ser orientador? 2) Qual o papel do estágio
profissional na aquisição da IP por parte do estagiário? 3) Qual o papel da ori |